Saiu o meu paper com meus alunos
“Invasion percolation solves Fermi Paradox but challenges SETI projects”
no International Journal of Astrobiology, ver aqui:
Ele ainda não tem a referencia bibliográfica completa.
SemciênciaBlog sobre a (minha) vida científica – "E toda banda larga será inútil se a mente for estreita" |
“Invasion percolation solves Fermi Paradox but challenges SETI projects”
no International Journal of Astrobiology, ver aqui:
Ele ainda não tem a referencia bibliográfica completa.
O paper Invasion Percolation solves Fermi Paradox but challenges SETI projects foi aceito para publicação no International Journal of Astrobiology e estou esperando as provas. Colocarei uma cópia no ArXiv.org.
Enquanto isso, a ideia pode ser vista aqui numa entrevista que foi ao ar na rádio UFRGS neste início de ano, no Programa Fronteiras da Ciência coordenados por Marco Idiart, Jefferson Arenzon e Jorge Quinfield.
Ver aqui.
Mas tive uma razão para isso. Você fala de uma biografia humana sobre o Universo. Você fala de uma responsabilidade que temos para escrevê-la. Entendo perfeitamente: somos inteligentes, somos tecnológicos, e conseguimos fazer o universo caber em nossa mente. E ainda: não conhecemos ninguém mais (que não o Homo sapiens) capaz de tomar essa tarefa para si.
Proponho uma hipótese, que está longe de ser impossível: um dia, a vida na Terra se extingue, por acidente natural ou não. Associo a essa hipótese, outra, mais improvável na minha (humilde, mas sem modéstia alguma) opinião: não existe outra inteligência tecnológica no Universo. Repito: improvável, não acredito nisso. Por uma mera questão estatística: o Universo é grande demais e tem tempo demais para ter gerado vida inteligente apenas aqui.
Mas prosseguindo com a soma das duas hipóteses: vida (um dia) extinta na Terra, e nenhuma outra inteligência no Universo. Então tudo perde o sentido.
Antes: e a incerteza da mecânica quântica, como ficaria sem um Observador? Indefinida e sem relação causa-efeito para todo o sempre? E mais arrasador ainda: para que um Universo sem um Observador? Que diferença faria existir ou não o Universo sem um Observador?
Você gosta do termo “questão metafísica”, e podemos usá-la aqui. Mas também é uma questão existencial, “sartreana” ou “pós-sartreana”. E foi por isso que me lembrei do livro do Michael Tournier.
Na primeira parte do livro ele está só, em uma ilha, que poderíamos chamar de Terra. Ele entra numa caverna, onde fica provido de som e luz. E se pergunta: será que o que torna o mundo possível, o que faz o mundo existir, é a minha percepção dele? Será que ele deixa de existir quando não posso testemunhá-lo e não tenho um outro testemunho de sua existência?
Estou sendo grosseiro, e apelando em excesso para minha memória. Li o livro pela última vez há bem mais de uma década. Mas me recordo que essa era a essência da primeira parte do livro, antes que um “outro” chegasse à ilha.
Enfim, foi o que me levou à audácia de te recomendar a leitura do livro. Porque mais que pertinente, é assustadoramente atual, embora escrito em 1967. E repito: podemos chamar de questão metafísica, mais a seu gosto, ou questão existencial…não importa. Importa é que uma biografia humana do Universo terá que contemplar essa questão, concorda?
De longe, será, se “nenhuma bola de efeito” te desviar desse projeto, seu livro mais completo e desafiador. E querendo ou não, você estará criando uma “Escola”. Merecerá meu mais profundo respeito, sem demagogia.
Mais um abraço, desta sua testemunha desde os tempos das “Pensatas”
Recebi do físico e divulgador científico Osame Kinouchi Filho, professor da USP de Ribeirão Preto, um texto muito interessante, meio sério, meio jocoso, abordando o debate em torno da ideia de DI (Design Inteligente (criacionismo repaginado antievolução, como sabemos) e a criação de um centro sobre o tema na Universidade Presbiteriana Mackenzie. O prisma adotado por Kinouchi é inusitado: o da ficção científica. Confiram o que ele diz abaixo e divirtam-se!
————–
Quero propor quatro idéias que podem tornar o debate bem mais divertido:
1)O DI é uma ideia de Ficção Científica (FC);
2)A clivagem que o DI promove não é entre teístas e ateus, pois podemos ter ateus que acreditam em DI e teístas que não acreditam em DI;
3)O DI é compartilhado por espíritas, ufólogos místicos e crentes da New Age, não é exclusividade de cristão e muito menos de protestantes;
4)O DI é apenas uma variante de um conjunto enorme de outras teorias de evolução, e não há indicação de que seja melhor do que o Teísmo Evolucionário do evangélico Francis Collins, pelo contrário.
Vejamos ponto por ponto:
O DI é uma ideia de Ficção Científica (FC): O DI é agnóstico sobre a natureza da inteligência que fez intervenções ao longo da evolução. Ora, quem não se lembra da evolução acelerada (DI) produzida pelo monólito negro em “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, de Arthur C. Clarke? Ou aquele que é tido como o conto mais conhecido de Isaac Asimov, “A Última Questão”, no qual uma mente surgida pela fusão de computadores com os humanos (a Singularidade?) encontra uma solução para reverter a segunda lei da Termodinâmica e cria um novo universo dizendo “Fiat Lux”?
Ou o Desígnio Inteligente de Golfinhos, Chimpanzés, Gorilas e Cachorros que atingem o nível humano feito por criadores humanos na série “Elevação”, de David Brin? Lembro também a obra-prima de Stanislaw Lem, “A Voz do Mestre” (bom título!), na qual o autor brinca com a possibilidade de que uma inteligência tecnológica preexistente ao nosso universo o tenha criado permeando-o com um feixe de neutrinos que facilita a emergência da vida. Ou seja, vamos dar o crédito a quem merece: o DI não é ideia de Behe e outros, mas originalmente de Asimov, Clark, Lem, Brin e inúmero escritores FC.
Lem chama esse tipo de ideia de Teologia dos Deuses falíveis (ou finitos). Que a inteligência do DI poderia ser um ET físico, falível e finito e não um ser sobrenatural como Deus é um fato reconhecido pelos proponentes do DI. A clivagem que o DI promove não é entre teístas e ateus, pois podemos ter ateus que acreditam em DI e teístas que não acreditam em DI: Como dito antes, a Inteligência do DI poderia ser um ET. Mais que isso, é mais provável que seja, pois isso a colocaria dentro de um um universo natural, não sobrenatural.
Ou seja, Marcos Eberlin [químico da Unicamp e defensor do DI] errou ao afirmar que “o problema é que a academia fechou a questão e não abre brecha para nenhum debate: só existe matéria, energia e espaço no Universo e acabou”. Primeiro, porque esse tipo de raciocínio paranoico e conspiratório sobre a academia é próprio de defensores dos Alienígenas do Passado (que também é DI) mas não de cientístas.
Segundo, porque poderíamos ter apenas matéria, energia e espaço (eu não esqueceria Informação, que é o conceito físico mais próximo de Espírito, e não energia como gosta o pessoal da New Age), e mesmo assim ter DI feito pela Inteligência de 2001 ou pelo Multivac de Asimov. Curiosamente, Clark, Asimov, Brin e Lem são todos ateus ou agnósticos, logo o DI não favorece uma visão de fé sobre a realidade mas sim uma visão cética e especulativa da realidade (é mais provável que Deus seja um ET!), não compatível com o Cristianismo.
O DI é compartilhado por espíritas, ufólogos místicos e crentes da New Age, não é exclusividade de cristão e muito menos de protestantes: o DI é vendido à comunidade protestante e evangélica como um conjunto de ideias vinculadas à ideias cristãs, ou que poderiam ser adotadas com proveito pelos cristãos (e judeus, e islâmicos?). Ao mesmo tempo, tais comunidades não se identificam com espíritas, ufólogos místicos, New Age e outras crenças.
Ora, ao tentar transpor uma visão religiosa e filosófica para o campo da ciência, o protestantismo do DI se identifica com o Espiritismo: quer ser não apenas uma religião, mas também uma ciência. Pois uma coisa é “acreditar que Deus fez o mundo”, de forma genérica e não especificada, dizendo que é um sentimento ou uma intuição (uma forma não cognitiva de fé), crença sem bases racionais, como faz por exemplo Marina Silva ou John Wesley, fundador do Metodismo, em seu memorável sermão “O Caso da Razão Imparcialmente Considerada“. Outra coisa é ser criacionista científico (de Terra jovem ou velha, de DI etc.), ou seja, afirmar que é capaz de fazer hipóteses capazes de passar por testes rigorosos, a ponto de que tais hipóteses um dia sejam aceites acima de qualquer dúvida razoável.
É o pecado de querer provar que Deus existe usando apenas a Razão. Tentar transformar religião, teologia e filosofia (que são campos válidos da academia, financiados pelo CNPq inclusive) em ciência, que se distingue dessas áreas assim como a Arte e a Política se distingue das mesmas e da Ciência, é confusão de domínios: é a definição de Pseudociência, cujo principal sintoma são as teorias conspiratórias que citei (os cientistas não concordam comigo porque ou estão me perseguindo ou não querem ver a verdade – que apenas eu fui capaz de ver com minha brilhante e superior mente intuitiva).
O DI é apenas uma variante de um conjunto enorme de outras teorias de evolução, e não há indicação de que seja melhor do que o Teísmo Evolucionário do evangélico Francis Collins, pelo contrário: quando se discute DI usualmente cai-se na falácia dualista: ou isso, ou aquilo. Mas na verdade existem inúmeras outras teorias possíveis de evolução com ou sem DI.
A mais importante é o Teísmo Evolucionário (TE) elaborado por cristãos dos mais diversos matizes, onde podemos citar o evangélico Francis Collins diretor do NHI americano. Uma versão um pouco mais suave pode ser encontrada nos escritos do físico cristão Freeman Dyson. A ideia é que os mecanismos de evolução puramente naturais, aceitos pelos biólogos agnósticos, devem ser vistos como os meios de Deus para criar (elaborar) o mundo ao longo de bilhões de anos.
Essa crença em um Deus criador e intencional, porém, não é tida como científica, mas filosófica. Ninguém da TE vai querer provar que Deus existe usando a Mecânica Quântica, por exemplo, como quer a New Age. O TE é um competidor formidável ao DI, pois não requer nenhuma intervenção inteligente (natural ou sobrenatural) durante a evolução: é totalmente compatível com o conhecimento biológico aceito pela comunidade científica.
É também a visão oficial da Igreja Católica e é ensinado na maioria dos seminários teológicos protestantes do Primeiro Mundo. Então o debate se torna: por que o DI é melhor que o TE? Se não é, por que o Mackenzie criou um núcleo de DI em vez de um núcleo de TE? Por que uma colaboração com o Discovery Institute em vez da Fundação Bio-Logos de Francis Collins? O Mackenzie deveria responder…
Assim, Marcos Eberlin erra também ao falar em apenas duas possibilidades. Usando a Ficção Científica, eu posso elaborar inúmeras possibilidades, por exemplo: uma inteligência vinda do futuro (uma Singularidade Humana) volta no tempo e cria por engenharia genética as primeiras bactérias, bem como todos os exemplos (flagelos, etc.) de complexidade irredutível pelo DI. O interessante desta ideia é que o elo causal se fecha em um bonito loop [laço] temporal como o Ourobouros [figura da serpente que morde o próprio rabo].
Sem contar os deuses astronautas que criaram os sumérios…
Etc., etc., etc. OK, mas… como testar ou distinguir entre essas várias ideias?
A ufologia mística não é mais plausível e tem mais evidências, atuais inclusive, do que o DI? Deveria o Mackenzie criar um núcleo sobre Alienígenas do Passado e Deuses Astronautas? Afinal, “todo mundo sabe” que YHWH, os anjos e Jesus eram ETs, certo? As própria Bíblia “prova” isso…
ontem
Roldan, vou ler Sam Harris para dar uma opiniao depois, OK?
ontem
Bom, eu ainda nao acredito que a ciencia pode atravessar o gap entre o que é e o que deveria ser. Vamos supor que cheguemos a conclusao cientificamente que existe uma raça superior ou uma raça inferior. Os nazistas acreditavam nisso cientificamente a partir do Darwinismo (tanto biologico como social). Eles estavam usando o conhecimento cientifico da época. Os racistas americanos também. Mas religiosos do seculo XIX defendiam que os todos os homens eram iguais por serem filhos de Deus e criados a partir de Adao. Usavam esse criacionismo e anti-Darwinismo para lutar contra a escravatura e defender a liberdade dos negros. Estavam errados em sua ciencia, mas certos, pelos padroes de hoje, na defesa de seus valores de defesa dos direitos humanos (inspirados na mitologia do Eden!). Ou seja, mesmo que a ciencia dizia O QUE É (diferença entre raças com a ciencia da época) nao determinava O QUE DEVIA SER (direitos humanos iguais) do ponto de vista ético.
ontem
Sim, tem razão! Interessante esse ponto de vista. De todo modo, estamos falando de coisas muito novas: a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada só em 1948 e a neurociência ainda começa a investigar questões de bem estar e felicidade.
3 dias atrás
Gengis e Roldan, notem como os tais princípios 1) amor e 2) honestidade não podem ser baseados na ciência. A ciência estuda meios para se atingir um fim, mas não determina os fins. Se o meu fim for enriquecer, uma analise de custo-beneficio cientifica pode concluir que devo ser corrupto. Se o meu fim for dominar o mundo, uma analise cientifica indicara que devo violar o principio 1). Lembremos que havia inúmeros cientistas nazistas e que existem inúmeros cientistas desonestos — a ciência não determina valores morais. Mesmo a moral cientifica (citar os predecessores, não plagiar ideias, não fraudar os dados) não se baseia na ciência, mas sim nos padrões morais da comunidade científica. Se uma analise cientifica de custo beneficio me indicar que é melhor fraudar para subir na carreira, o cientista deveria fazer isso. Se não o faz, é por razoes extra-cientificas, de valores morais de seu caráter, que pode inclusive se basear em religiões ou não.
2 dias atrás
Sim. Por isso me choco quando vejo – como vi esses dias – gente usando estatísticas de QI, criminalidade e outros trecos científicos para estufar seu racismo e pregar a supremacia branca. Por outro lado, note como as religiões não passam de fontes primitivas de moral, muito arcaicas em vários pontos. Quando constatamos que somos seres gregários e que é melhor estruturar nossas vidas e nossa sociedade em verdades, não em mentiras ou desonestidade, acabamos optando por isso mesmo em detrimento de ganhos individuais apoiados no que seria danoso. Não há um valor de crença, mas uma lógica e até influência genética sustentando essa gregariedade. Isso para não falarmos em estudos como se pode ver no Moral Landscape do Sam Harris, indicando a possibilidade de uma ciência da moral.
3 dias atrás
Oi Roldan, acho que eu quis usar valor no sentido moral sim. Ex: imagine uma religião cuja única proposta seja 1) Amar o proximo como a si mesmo; 2) Ser honesto, evitar a corrupção por dinheiro. Bom, o 2) talvez decorra do 1) na medida em que ao ser corrupto eu posso estar prejudicando alguém, mas vá lá. E que para ilustrar tais princípios a religião use uma serie de historinhas, tipo uma literatura similar às fabulas de Esopo ou o Senhor dos Aneis (Star Wars também serve como fonte de valores). O que eu afirmei é que tal religião está no campo das filosofias de vida, não da ciência. O cientista que tentar dizer que esta religião está errada porque raposas (da fábula das raposa e as uvas) ou cobras (da fábula do Eden) não falam é apenas tolo. Não entendeu que tais historias são literatura. E os crentes fundamentalistas que acharem que tais fábulas são historia real também são tolos (lembremos que a maior parte dos crentes não é fundamentalista).
2 dias atrás
Valeu pelo esclarecimento, Dr. Osame! Eu fiquei realmente um pouco na dúvida sobre o uso do termo valor. Sim, concordo! Tanto o cientificismo quanto o fundamentalismo religioso são tolos. O problema é que, enquanto o primeiro, se não moderado, não passa de um discurso cego e raivoso, o segundo pode acabar interferindo em políticas públicas de maneira danosa. Como bem nos lembra o Sam Harris, é justamente a ala moderada das religiões que acaba dando sustentáculo ao setor radical. Olhando mais de perto, a maior parte dos crentes não é fundamentalista por falta de coragem. Porque, vamos e venhamos, quando interessa, todos eles tomam certas passagens de seus livros sagrados como sendo literais. Qual critério usado? Apenas interesse. Diante da proposta de uma ciência da moral como faz o Sam Harris, não existe mais desculpa para depender da religião nos assuntos de moral. Aliás, por Saramago, como tantos religiosos podem ser cruéis mesmo com deus?
1 semanas atrás
não sei quantos ramos são derivados do criacionismo (e sinceramente, pouco me interessa) mas sim, esses debates em torno destas derivações ficarão exclusivas no campo de conversa de botecos (alias, esse auditório não passa disso, de um grande boteco pra falar de suco de groselha). Não irá produzir um paper na área de ciências naturais, não estimulará filósofos em ciência em perderem o tempo deles no questionar de algo que é fruto de achismos e a unica fonte de fomento será desvios do bruto adquirido das mensalidades em todos os gastos da infra-estrutura. Resumidamente. um tiro no pé dado pelo chanceler que ricocheteará no departamento de biologia desta universidade.
2 semanas atrás
Invariavelmente, Eberlin e outros não entenderam ainda que sua argumentação, independente dos erros em Filosofia e Lógica, de pontos especialmente em Filosofia da Ciência simplesmente infelizes, é em resumo uma pregação desastrada, nas palavras de Collins, aproximadamente, a redução de Deus a um “artesão atrapalhado”, que tem de, incapaz que se torna como criador, intervir em sua obra. Os erros e ignorância manifesta em Biologia, Química, Física, Astrofísica e Cosmologia do grupo que forma, vem até de brinde. Em tempo, ótimo texto sobre o tema.
ontem
Gengis, sinto muito, mas você está sendo cientificista, cara! Filosofia da ciência não é uma piada. Tenho que convir que alguns caras como o Feyerabend forçaram um pouco a barra. Mas isso faz parte. Mesmo cientistas cometem diversos erros de pensamento e inclusive de abordagens matemáticas. Basta ver o lance das supercordas. Aquilo não tem como realizar experimentos, mas é parte da física teórica. Portanto, você está um pouco tomado por emoção. Filosofia da ciência é apenas o uso da razão para entender o que é e como é feita a ciência. Nem sempre os cientistas têm tempo, inclinação ou isenção suficiente para esse exercício. Do jeito que você fala, só se conseguiria testar o fio de uma espada sobre um corpo humano. Felizmente, sabemos que há meios de testar uma espada sem esse expediente (muito embora espadas testadas em cadáveres fossem mais valiosas no Japão Feudal).
2 semanas atrás
Aliás, Filosofia da Ciência é uma piada. Só realmente vale alguma coisa quando faz… ciência.
2 semanas atrás
Gorok, nao sei se essa posição pessimista e até niilista seria compartilhada pela maioria dos físicos (leia por exemplo Freeman Dyson). Em um universo infinito, não tem sentido os adjetivos pequeno ou grande. A diferença de tamanho (escala logarítmica) entre o corpo humano e uma supercordas é 10 mil vezes maior do que a diferença entre o Universo visível e o corpo humano. Do mesmo modo, a duração da vida humana é enorme comparada com a unidade básica de tempo na física (tempo de Plank). Proporcionalmente, é milhões de vezes maior do que a idade do Universo frente à vida humana. Finalmente, não conhecemos nenhum sistema físico mais complexo do que o cérebro humano (deve ter por ai, mas ainda não achamos). Ou seja, cérebros pensam, sentem, e percebem o universo à sua volta. Uma Galaxia, por mais enorme que seja, não pensa. O cérebro tem mais neuronios do que as galáxias tem estrelas, formando redes complexas. Estrelas não formam redes nem pensam.
2 semanas atrás
Osame, estrelas não formam “redes” gravitacionais chamadas galáxias e clusters? A Hipótese de Gaia não poderia ser extrapolada para uma escala galáctica ou intergaláctica? Claro, por enquanto, isso não passa de hipótese, se tanto. Aliás, existe alguma forma de testar a “teoria” de Gaia?
2 semanas atrás
Desculpem, por algum motivo meus comentários aparecem em caixa alta, se o Reinaldo puder consertar isso, agradeço. Gift, acho que voce quis dizer Segundo Principio (ou Lei) da Termodinamica: que em todo sistema fechado a Entropia ou fica igual ou cresce (note que ela pode diminuir em sistemas abertos).
2 semanas atrás
Visitante, nao entendi sua colocacao. Voce afirma que o Espiritismo proclama que é apenas uma religião e uma filosofia mas não uma ciência? Que ele não faz afirmativas cientificas que podem ser estudadas pelo metido cientifico? Bom, isso não me parece a posição usual do Espiritismo (e da Nova Era) pois uma afirmativa usual é que eles são superiores às outras filosofias religiosas justamente por este lado cientifico… Mas se eu afirmo que minhas crenças são cientificas, entao eu tenho que entrar dentro do debate cientifico, com hipóteses testáveis, experimentos replicáveis, analise teórica aprofundada, verificar se minhas afirmativas batem com os dados (por exemplo, voce sabia que o sistema estelar de Capella, importante para o famoso livro Exilados de Capella, na verdade não possui planetas?
6 dias atrás
Gengis, embora eu concorde com o que você diz, tenho a impressão que o Osame não usou a palavra valor no sentindo moral, mas no sentindo de informação, dado (ainda que completamente irreal, uma afirmação contém um valor, assim como quase qualquer coisa pode ser traduzida em valores binários, O ou 1).
2 semanas atrás
Crer em deuses, serpente falante, pecado, salvadores, na ressurreição de filhos de deuses, em deuses amorosos mas vingativos, ignorantes, escravistas, infanticidas, crer nos milhares de mitos da Criação que tribais inventaram, isso não tem nada a ver com valores. Aliás, os valores são muito questionáveis. Tem um livro sagrado aí que diz que um deus mandou apedrejar crianças desobedientes. Que uma mulher atacada sexualmente tinha de casar com o meliante caso alguém visse o ato. Que valores são esses? Toda crença religiosa é um mundo super ignorante da realidade. Fazer ciência é gerar hipóteses que estão muito perto de serem reais, pelo uso na formação delas de um absurdo conhecimento já sabido de muitas áreas. Não se chuta. Quando se gera uma hipótese para algo novo, obviamente não fica por aí, não vira uma crença que morre como crença, ela é colocada à prova, e se não for comprovada, desaparece, vira pó. Ao contrário das crenças religiosas.
2 semanas atrás
Gengis, nao é necessario comprovar cientificamente crenças filosóficas (religiosas, políticas etc.), pois elas se referem a valores, não a fatos. Exemplo: “Acredito em liberdade, igualdade e fraternidade”, “acredito que é melhor ser honesto do que corrupto” (mesmo se cientificamente eu calcular que terei mais ganho sendo corrupto). “Creio que se deve respeitar e mesmo amar os inimigos”. Essas crenças não são cognitivas, não é necessário querer comprova-las cientificamente. Religioes (enquanto filosofias de vida) não entram no campo cientifico. Apenas religiões que dizem que possuem evidencias cientificas entram em conflito com a ciência. Por outro lado, usando o termo “crença” no sentido cognitivo (fatos), a moderna teoria de inferência Bayesiana diz que as afirmativas cientificas são em geral crenças (pois tem probabilidade menor que 1). Apenas afirmativas com 100% de certeza (um caso raro) não são crenças no sentido Bayesiano.
Nova versão do paper, possivelmente a ser publicado na Revista da Tulha – USP
The sciences of complexity present some recurrent themes: the emergence of qualitatively new behaviors in dissipative systems out of equilibrium, the aparent tendency of complex system to lie at the border of phase transitions and bifurcation points, a historical dynamics which present punctuated equilibrium, a tentative of complementing Darwinian evolution with certain ideas of progress (understood as increase of computational power) etc. Such themes, indeed, belong to a long scientific and philosophical tradiction and, curiously, appear already in the work of Frederick Engels at the 70’s of the XIX century. So, the apparent novelity of the sciences of complexity seems to be not situated in its fundamental ideas, but in the use of mathematical and computational models for illustrate, test and develop such ideas. Since politicians as the candidate Al Gore recently declared that the sciences of complexity have influenced strongly their worldview, perhaps it could be interesting to know better the ideas and the ideology related to the notion of complex adaptive systems.
Sábado | 03 | dezembro Tarde de autógrafos- Projeto mulah de TróiaTítulo: PROJETO MULAH DE TROIA Autores: Osame Kinouchi / B. B. Jenitez Editora: DRAGO EDITORIAL Jenitez nos brinda com uma pérola da Ficção Científica de humor, uma bem dosada mistura de Umberto Eco e Planeta Diário: uma estória recheada de referências internas, coerentes do início ao fim e com um estilo impecável. Com descrições claras e pouca adjetivação, além de uma ironia finíssima, o autor brinca com a física, a cultura pop e a literatura, com um texto de uma clareza e um bom gosto tão grandes que mesmo um leigo em FC pode entender e gostar. Um trabalho bem escrito não pode ser analisado a fundo, basta que apenas seja lido. E esta estória precisa ser lida. Fábio Fernandes & José S. Fernandes. Local: Ribeirão Preto |
Como muitos de minha geração, creio que foi com o pouso da Apolo XI na Lua em 1969. Eu tinha apenas seis anos, mas ainda me lembro das imagens na TV. No ano seguinte, apareceu o cometa Benett, muito visível nos céus brasileiros, despertando meu interesse por astronomia. Acho que minha primeira mesada, com dez anos de idade, foi gasta com um livro de Astronomia (e outro de OVNIs…). Na mesma época, meu pai começou a comprar a coleção Os Cientistas, que vinha com experimentos a serem feitos. Acho que com doze anos eu já tinha meu telescópio, e fazia observações sistemáticas de manchas solares, fases de Vênus, anéis de Saturno, posição de Marte no céu e observação dos satélites de Júpiter. Aos treze anos, eu e um colega tentávamos fazer experimentos controlados de telepatia, clarividência e telecinesia. Aprendi a traçar gráficos e séries temporais plotando a frequência de relatos de OVNIs em função do tempo. Nunca deu em nada (claro!), mas aprendemos a fazer estatísticas e testes de significância. Nessa época acho que minha biblioteca já contava com cerca de cinquenta volumes, a maior parte de pseudociências (minha geração foi muito influenciada pelo livro O Despertar dos Mágicos, de Powels e Bergier e pela revista Planeta). Aprendíamos alguma coisa de ciência nesses meios, pois não havia muitos livros de divulgação científica propriamente dita. Ou seja, tudo se definiu antes dos treze anos de idade.
Como leitor, como eu disse, primeiro foram os livros de pseudociências (que de um jeito ou outro nos estimulava como mistérios a serem solucionados cientificamente) e alguns livros de Astronomia. Mais tarde comecei a ler livros de Carl Sagan e outros. Não havia revistas de divulgação científica nem documentários, filmes ou museus de ciência. A revista Planeta, editada na época pelo escritor Ignácio de Loyola Brandão, mesmo com todo o seu pendor New Age e alternativo, trazia reportagens e notícias sobre ciência e tecnologia.
Existem dois tipos de divulgação científica: o primeiro onde quem é mais favorecido são a ciência e os cientistas (divulgando seu trabalho, justificando os gastos públicos com a ciência, despertando novas vocações científicas, promovendo a educação e a cultura científica etc.) e o segundo em que o objetivo é empoderar o público leigo em ciências, fornecendo-lhes novos conceitos (e metáforas) para poder entender sistemas complexos como a sociedade, a economia, a história, a política etc. Dou um exemplo: se você procurar pela palavra pêndulo em um site de notícias como a FOLHA, Estadão ou G1, cerca da metade das vezes a palavra estará sendo usada como metáfora, tipo O pêndulo político oscilou do PT para o PSDB. Essa metáfora do pêndulo é pobre, reflete um conhecimento básico de física Newtoniana dado no ensino médio. Traduz uma ideologia mecanicista de como encarar a sociedade: outras metáforas Newtonianas aplicadas à sociedade são: forças sociais, equilíbrio de forças, tensão social, ruptura social, revolução, equilíbrio de poder etc. É uma mecânica estática, uma ideologia pobre, que constrange e limita o pensamento e a capacidade de pensar a sociedade de quem a está usando. Mas imagine que a divulgação científica familiarize o público com os conceitos de Caos, fractais, bacias de atração, pontos de bifurcação, transições de fase, auto-organização etc, temas hoje estudados pela Econofísica e Sociofísica. Um novo vocabulário, mais rico e poderoso, poderia ser usado para se pensar temas sociais, em vez de se usar a metáfora pobre e limitante do pêndulo, que envolve oscilações com período bem definido, é um sistema dinâmico de baixa dimensão etc.). Acho que o papel da cultura científica deveria ser empoderar as pessoas, e não apenas defender os interesses da ciência (uma tarefa válida também, mas não única). Tenho um artigo publicado sobre isso:
Metáforas científicas no discurso jornalístico
Rev. Bras. Ensino Fís. vol.34 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2012
Os que se especializaram em jornalismo científico tem boa preparação. Podem aprender algo com os blogueiros de ciência (e os blogueiros de ciência tem algo a aprender com os jornalistas, por exemplo não confrontar e afastar seus leitores especialmente em temas delicados como Evolução). Dou como exemplo de ótimo jornalista científico o da FOLHA Reinaldo José Lopes, responsável pelo blog Darwin e Deus.
Muitos pesquisadores não leem livros e revistas de divulgação científica, e nem mesmo romances de ficção científica. Reclamam de falta de tempo, mas me parece ser mais uma característica pessoal (não leem livros de Literatura também, não são leitores). Daí não surge a aspiração para contribuir com essa atividade. Além disso, é muito mais fácil escrever um paper do que um artigo ou livro de divulgação científica, pois os mesmos têm que ter estilo agradável, despertar o interesse do leitor, usar uma linguagem especial, acessível e sem jargões. Isso não é fácil para o pesquisador típico.
Sim, parece que está é a grande onda do momento. Aqui no Laboratório de Divulgação Científica e Cientometria estamos organizando, em nossa página, um portal que redirecione para todos os vlogs de ciência em português que pudermos encontrar. Já temos um portal parecido, o Anel de Blogs Científicos, para os blogs em português.
É uma leitura (ou no caso dos vídeos) mais agradável e instigante que as aulas formais. Acho que ajuda na motivação dos alunos e no despertar de vocações científicas. No caso dos alunos que não se dedicarão à ciência, acho que ajuda muito na criação de um background mínimo de cultura científica (idealmente com aquele papel de empoderamento que citei). Acho também que os vídeos e em especial os livros (que se aprofundam mais) deveriam ser aproveitados pelo menos pelos professores de ensino fundamental e médio. A maior parte dos professores não conhece, por exemplo, as revistas Scientific American Brasil e Revista Mente e Cérebro, e nunca leu um livro de divulgação científica. Recomendo que, se o problema é falta de tempo, assistam os ótimos documentários de divulgação científica da BBC, NATGEO e NOVA, que podem ser encontrados no YOUTUBE, assim como os novos Vlogs de ciências tais como o Nerdologia.
A página de livros de divulgação científica no Anel de Blogs Científicos começou a ser atualizada por Allana Cogo, bolsista de Cultura e Extensão do LDCC. Veja os novos títulos aqui.
Já temos 178 livros em nossa lista. Se você quer recomendar um livro, coloque nos comentários dos posts de livros ali no ABC.
Para ver Blogs de ciência, clique aqui.
Em breve colocaremos Vlogs (Video-logs) de Ciência.
They may have been disproved by science or dismissed as ridiculous, but some foolish beliefs endure. In theory they should wither away – but it’s not that simple
by Steven Poole
In January 2016, the rapper BoB took to Twitter to tell his fans that theEarth is really flat. “A lot of people are turned off by the phrase ‘flat earth’,” he acknowledged, “but there’s no way u can see all the evidence and not know … grow up.” At length the astrophysicist Neil deGrasse Tyson joined in the conversation, offering friendly corrections to BoB’s zany proofs of non-globism, and finishing with a sarcastic compliment: “Being five centuries regressed in your reasoning doesn’t mean we all can’t still like your music.”
Actually, it’s a lot more than five centuries regressed. Contrary to what we often hear, people didn’t think the Earth was flat right up until Columbus sailed to the Americas. In ancient Greece, the philosophers Pythagoras and Parmenides had already recognised that the Earth was spherical. Aristotle pointed out that you could see some stars in Egypt and Cyprus that were not visible at more northerly latitudes, and also that the Earth casts a curved shadow on the moon during a lunar eclipse. The Earth, he concluded with impeccable logic, must be round.
The flat-Earth view was dismissed as simply ridiculous – until very recently, with the resurgence of apparently serious flat-Earthism on the internet. An American named Mark Sargent, formerly a professional videogamer and software consultant, has had millions of views on YouTube for his Flat Earth Clues video series. (“You are living inside a giant enclosed system,” his website warns.) The Flat Earth Society is alive and well, with a thriving website. What is going on?
We analyze the spectral properties of masked, foreground-cleaned Planck maps between 100 and 545 GHz. We find convincing evidence for residual excess emission in the 143 GHz band in the direction of CMB cold spots which is well correlated with corresponding emission at 100 GHz. The median residual 100 to 143 GHz intensity ratio is consistent with Galactic synchrotron emission with a Iν∝ν−0.69 spectrum. In addition, we find a small set of ~2-4 degree regions which show anomalously strong 143 GHz emission but no correspondingly strong emission at either 100 or 217 GHz. The signal to noise of this 143 GHz residual emission is at the ≳6σ level. We assess different mechanisms for this residual emission and conclude that although there is a 30\% probability that noise fluctuations may cause foregrounds to fall within 3σ of the excess, it could also possibly be due to the collision of our Universe with an alternate Universe whose baryon to photon ratio is a factor of ∼65 larger than ours. The dominant systematic source of uncertainty in the conclusion remains residual foreground emission from the Galaxy which can be mitigated through narrow band spectral mapping in the millimeter bands by future missions and through deeper observations at 100 and 217 GHz.
Sim, se a qualidade literária se mede pelos anos que o autor levou para burilar o texto, então este é um candidato ao Prêmio Argos… Para comprar, clique aqui.
Uma das coisas que minha bolsista (Bolsa de Cultura e Extensão) Rafaela Beatriz da Silva fez ano passado foi implementar um blog contendo livros de divulgação científica no site do Laboratório de Divulgação Científica e Cientometria (LDCC). Neste site também existe uma aba para o ABC (Anel de Blogs Científicos).
Temos até agora 130 livros mas dia a dia vão ser acrescentados mais. Cada livro vem com a capa, um sumario com link para uma página de livraria onde você poderá encontrá-lo, e os dados bibliográficos (tirados da página da livraria ou da Biblioteca Nacional).
Você pode fazer, no campo de search, buscas por autor ou palavras chaves. A simples rolagem para baixo também é um meio útil para sugerir livros de divulgação científica que talvez você não conheça.
Dê uma olhada, eu acho que realmente isso pode ser útil, pois não conheço nenhum blog dedicado exclusivamente a livros de divulgação científica. O endereço é aqui.
Me parece que a ideia de Multiverso está ficando cada vez mais relevante e preditiva. Já a ideia de explicar fine tuning no universo usando ideias físicas convencionais (simetrias etc) parece estar num beco sem saída, nenhum avanço foi obtido há décadas.
The small and negative value of the Standard Model Higgs quartic coupling at high scales can be understood in terms of anthropic selection on a landscape where large and negative values are favored: most universes have a very short-lived electroweak vacuum and typical observers are in universes close to the corresponding metastability boundary. We provide a simple example of such a landscape with a Peccei-Quinn symmetry breaking scale generated through dimensional transmutation and supersymmetry softly broken at an intermediate scale. Large and negative contributions to the Higgs quartic are typically generated on integrating out the saxion field. Cancellations among these contributions are forced by the anthropic requirement of a sufficiently long-lived electroweak vacuum, determining the multiverse distribution for the Higgs quartic in a similar way to that of the cosmological constant. This leads to a statistical prediction of the Higgs boson mass that, for a wide range of parameters, yields the observed value within the 1σ statistical uncertainty of ∼ 5 GeV originating from the multiverse distribution. The strong CP problem is solved and single-component axion dark matter is predicted, with an abundance that can be understood from environmental selection. A more general setting for the Higgs mass prediction is discussed.
Cinco anos atrás, quando estava dando uma palestra sobre física a estudantes do Ensino Médio no Massachusetts Institute of Technology, Randall Munroe percebeu que a plateia não estava muito interessada.
Ele estava tentando explicar o que são energia potencial e potência -conceitos que não são complexos, mas difíceis de entender.
Assim, no meio da palestra de três horas, Munroe, mais conhecido por ser o criador da HQ on-line xkcd, resolveu apelar para “Star Wars”.
“Pensei na cena de ‘O Império Contra-ataca’ em que Yoda tira a asa-X do pântano”, comentou.
“A ideia me ocorreu quando eu estava dando a aula.”
No lugar de definições abstratas (um objeto erguido ganha energia potencial porque vai se acelerar quando cair; a potência é o índice de mudança na energia), Munroe fez uma pergunta: quanta energia da Força seria Yoda capaz de produzir?
“Fiz uma versão aproximada do cálculo ali mesmo, na sala de aula, procurando as dimensões da nave na internet e medindo as coisas na cena no projetor, diante dos alunos”, contou. “Todos começaram a prestar atenção.”
Para a maioria das pessoas, a física não é interessante por si só. “As ferramentas só são divertidas quando a coisa com a qual você as utiliza é interessante.”
Os alunos começaram a fazer outras perguntas. “E o final de ‘O Senhor dos Anéis’, quando o olho de Sauron explode, quanta energia há nisso?”
A experiência inspirou Munroe a começar a pedir perguntas semelhantes dos leitores do xkcd.
Ele reuniu esse trabalho, incluindo uma versão dos cálculos que fez sobre Yoda e outros materiais novos, no livro “E se?”, lançado em setembro e que desde então está na lista dos livros de não ficção mais vendidos.
Como afirma sua capa, “E se?” é repleto de “respostas científicas sérias a perguntas hipotéticas absurdas”.
“O livro exercita a imaginação do leitor, e o humor espirituoso de Munroe é encantador”, comentou William Sanford Nye, mais conhecido como “Billy Nye, the Science Guy”. “Ele cria cenários que, por falta de um termo melhor, precisamos descrever como absurdos, mas que são muito instrutivos.”
O que aconteceria se você tentasse rebater uma bola de beisebol lançada a 90% da velocidade da luz? “A resposta é ‘muitas coisas’, e todas acontecem muito rapidamente. Não termina bem para o batedor (nem para o lançador).”
Se todo o mundo mirasse a Lua ao mesmo tempo com um ponteiro de laser, a Lua mudaria de cor? “Não se usássemos ponteiros de laser normais.”
Por quanto tempo um submarino nuclear poderia permanecer em órbita? “O submarino ficaria ótimo, mas seus tripulantes teriam problemas.”
As explicações são acompanhadas pelos mesmos desenhos e o mesmo humor nerd que garantiram a popularidade do xkcd. (O que significa xkcd? “É simplesmente uma palavra para a qual não existe pronúncia fonética”, explica o site do seriado on-line.)
Na época em que era estudante de física na Universidade Christopher Newport, na Virginia, Munroe começou a trabalhar como técnico independente em um projeto de robótica no Centro Langley de Pesquisas, da Nasa, e continuou depois de se formar.
Foi nessa época que ele começou a scanear seus desenhos rabiscados e colocá-los na web.
O contrato com a Nasa terminou em 2006, por decisão mútua das duas partes.
Munroe tornou-se cartunista em tempo integral e se mudou para a região de Boston porque, explicou, queria viver numa cidade maior, com mais coisas de geek para fazer. Em 2012 ele incluiu a parte de “E se?” no site.
Hoje ele recebe milhares de perguntas por semana. Muitas são evidentemente de estudantes à procura de ajuda com sua lição de casa. Outras podem ser respondidas com uma só palavra: “Não”.
“Uma das perguntas que recebi foi: ‘Existe algum equipamento comercial de mergulho que permita a sobrevivência debaixo de lava incandescente?'”, Munroe contou. “Não. Não existe.”
Munroe também gostava de fazer perguntas quando era criança. Na introdução do livro, ele conta que se perguntava se havia mais coisas duras ou moles no mundo. Essa conversa causou impressão tão forte à sua mãe que ela a anotou e guardou.
“Dizem que não existem perguntas estúpidas”, escreve Munroe, 30. “Isso não é verdade, obviamente. Acho que minha pergunta sobre as coisas duras e moles foi bastante estúpida. Mas tentar responder uma pergunta estúpida de modo completo pode levar você a alguns lugares muito interessantes.”
By Clay Farris Naff | November 18, 2011 | 21
Scientific American Blog
“Does aught befall you? It is good. It is part of the destiny of the Universe ordained for you from the beginning.”
– Marcus Aurelius, Stoic Philosopher and Emperor of Rome, in Meditations, circa 170 CE
“’He said that, did he? … Well, you can tell him from me, he’s an ass!”
– Bertie Wooster, fictional P.G. Wodehouse character, in The Mating Season, 1949
People have been arguing about the fundamental nature of existence since, well, since people existed. Having lost exclusive claim to tools, culture, and self, one of the few remaining distinctions of our species is that we can argue about the fundamental nature of existence.
There are, however, two sets of people who want to shut the argument down. One is the drearily familiar set of religious fundamentalists. The other is the shiny new set of atheists who claim that science demonstrates beyond reasonable doubt that our existence is accidental, purposeless, and doomed. My intent is to show that both are wrong.
I do not mean to imply a false equivalence here. Concerning the fundamentalist position, my work is done. Claims of a six-day Creation, a 6,000-year-old Earth, a global flood, and so forth have been demolished by science. It has not only amassed evidence against particular claims but has discovered laws of nature that exclude whole classes of claims. To the extent we can be certain about anything, we can rest assured that all supernatural claims are false.
The “New Atheist” position, by contrast, demands serious consideration. It has every advantage that science can provide, yet it overreaches for its conclusion. The trouble with the “New Atheist” position, as defined above, is this: it commits the fallacy of the excluded middle. I will explain.
But first, if you’ll pardon a brief diversion, I feel the need to hoist my flag. You may have inferred that I am a liberal religionist, attempting to unite the scientific narrative with some metaphorical interpretation of my creed. That is not so.
I am a secular humanist who is agnostic about many things — string theory, Many Worlds, the Theo-logical chances of a World Series win for the Cubs – but the existence of a supernatural deity is not among them. What’s more, I am one of the lucky ones: I never struggled to let go of God. My parents put religion behind them before I was born.
I tell you this not to boast but in hopes that you’ll take in my argument through fresh eyes. The science-religion debate has bogged down in trench warfare, and anyone foolhardy enough to leap into the middle risks getting cut down with no questions asked. But here goes. Read more [+]
by John Timmer – Feb 19 2013, 8:55pm HB
Ohio State’s Christopher Hill joked he was showing scenes of an impending i-Product launch, and it was easy to believe him: young people were setting up mats in a hallway, ready to spend the night to secure a space in line for the big reveal. Except the date was July 3 and the location was CERN—where the discovery of the Higgs boson would be announced the next day.
It’s clear the LHC worked as intended and has definitively identified a Higgs-like particle. Hill put the chance of the ATLAS detector having registered a statistical fluke at less than 10-11, and he noted that wasn’t even considering the data generated by its partner, the CMS detector. But is it really the one-and-only Higgs and, if so, what does that mean? Hill was part of a panel that discussed those questions at the meeting of the American Association for the Advancement of Science.
As theorist Joe Lykken of Fermilab pointed out, the answers matter. If current results hold up, they indicate the Universe is currently inhabiting what’s called a false quantum vacuum. If it were ever to reach the real one, its existing structures (including us), would go away in what Lykken called “fireballs of doom.”
We’ll look at the less depressing stuff first, shall we?
Thanks to the Standard Model, we were able to make some very specific predictions about the Higgs. These include the frequency with which it will decay via different pathways: two gamma-rays, two Z bosons (which further decay to four muons), etc. We can also predict the frequency of similar looking events that would occur if there were no Higgs. We can then scan each of the decay pathways (called channels), looking for energies where there is an excess of events, or bump. Bumps have shown up in several channels in roughly the same place in both CMS and ATLAS, which is why we know there’s a new particle.
But we still don’t know precisely what particle it is. The Standard Model Higgs should have a couple of properties: it should be scalar and should have a spin of zero. According to Hill, the new particle is almost certainly scalar; he showed a graph where the alternative, pseudoscalar, was nearly ruled out. Right now, spin is less clearly defined. It’s likely to be zero, but we haven’t yet ruled out a spin of two. So far, so Higgs-like.
The Higgs is the particle form of a quantum field that pervades our Universe (it’s a single quantum of the field), providing other particles with mass. In order to do that, its interactions with other particles vary—particles are heavier if they have stronger interactions with the Higgs. So, teams at CERN are sifting through the LHC data, checking for the strengths of these interactions. So far, with a few exceptions, the new particle is acting like the Higgs, although the error bars on these measurements are rather large.
As we said above, the Higgs is detected in a number of channels and each of them produces an independent estimate of its mass (along with an estimated error). As of the data Hill showed, not all of these estimates had converged on the same value, although they were all consistent within the given errors. These can also be combined mathematically for a single estimate, with each of the two detectors producing a value. So far, these overall estimates are quite close: CMS has the particle at 125.8GeV, Atlas at 125.2GeV. Again, the error bars on these values overlap.
That specific mass may seem fairly trivial—if it were 130GeV, would you care? Lykken made the argument you probably should. But he took some time to build to that.
Lykken pointed out, as the measurements mentioned above get more precise, we may find the Higgs isn’t decaying at precisely the rates we expect it to. This may be because we have some details of the Standard Model wrong. Or, it could be a sign the Higgs is also decaying into some particles we don’t know about—particles that are dark matter candidates would be a prime choice. The behavior of the Higgs might also provide some indication of why there’s such a large excess of matter in the Universe.
But much of Lykken’s talk focused on the mass. As we mentioned above, the Higgs field pervades the entire Universe; the vacuum of space is filled with it. And, with a value for the Higgs mass, we can start looking into the properties of the Higgs filed and thus the vacuum itself. “When we do this calculation,” Lykken said, “we get a nasty surprise.”
It turns out we’re not living in a stable vacuum. Eventually, the Universe will reach a point where the contents of the vacuum are the lowest energy possible, which means it will reach the most stable state possible. The mass of the Higgs tells us we’re not there yet, but are stuck in a metastable state at a somewhat higher energy. That means the Universe will be looking for an excuse to undergo a phase transition and enter the lower state.
What would that transition look like? In Lykken’s words, again, “fireballs of doom will form spontaneously and destroy the Universe.” Since the change would alter the very fabric of the Universe, anything embedded in that fabric—galaxies, planets, us—would be trashed during the transition. When an audience member asked “Are the fireballs of doom like ice-9?” Lykken replied, “They’re even worse than that.”
Lykken offered a couple of reasons for hope. He noted the outcome of these calculations is extremely sensitive to the values involved. Simply shifting the top quark’s mass by two percent to a value that’s still within the error bars of most measurements, would make for a far more stable Universe.
And then there’s supersymmetry. The news for supersymmetry out of the LHC has generally been negative, as various models with low-mass particles have been ruled out by the existing data (we’ll have more on that shortly). But supersymmetry actually predicts five Higgs particles. (Lykken noted this by showing a slide with five different photos of Higgs taken at various points in his career, in which he was “differing in mass and other properties, as happens to all of us.”) So, when the LHC starts up at higher energies in a couple of years, we’ll actually be looking for additional, heavier versions of the Higgs.
If those are found, then the destruction of our Universe would be permanently put on hold. “If you don’t like that fate of the Universe,” Lykken said, “root for supersymmetry”
Osame, eu não disse jamais que somos infinitamente pequenos e desprezíveis, com uma curta vida sem sentido. Jamais. Nem acho que esta seja a mensagem da ciência. Pelo contrário. No “Conversa com Bial” de que participei, foi evocada essa noção do “pequenos e desprezíveis”, e eu rebati veementemente. Disse que, ao mesmo tempo em que somos pequenos comparados ao Universo, somos grandes porque podemos compreender o Universo. O Universo é muito maior que o ser humano, mas, ao mesmo tempo, cabe no interior de nossa mente, o que é notável e nos impõe uma sublime responsabilidade: sermos os biógrafos do Universo, ou pelo menos os biógrafos do Universo, segundo nosso ponto de vista particular. Esta é uma ideia que já planejo desenvolver com mais vagar há alguns anos e, salvo alguma bola de efeito na minha direção, deve ser tema do meu próximo livro.
Quem cria a falsa dicotomia entre “ser religioso” ou “ser desprezível segundo a visão fria da ciência” é você. Ela não existe.
No mais, sempre defendi aqui não o ateísmo, mas a separação rigorosa entre a religião e a ciência. A religião fala de verdades subjetivas, a ciência fala de verdades objetivas. O tema do blog é ciência, e não acho salutar misturar com religião. Sigo a linha dos “magistérios não interferentes” de Stephen J. Gould. Acho o jeito certo de fazer divulgação científica. Não é pregação; é ciência.
Aliás, interessante você mencionar o Reinaldo José Lopes. É meu amigão de longa data, e admiro de fato como ele é capaz de separar uma coisa da outra na cabeça dele, mas acho temerário — e não é segredo para ninguém, inclusive ele — misturar ciência e religião no mesmo balaio, no mesmo espaço de comunicação. Quando eu fui editor de Ciência e Saúde do G1, o Reinaldo tinha dois espaços separados: o Visões da Vida, sobre biologia evolutiva, e o Ciência da Fé, para falar de temas religiosos. Eu fiz questão que assim o fosse porque é minha convicção que os temas são como água e óleo, não se misturam. Não deveriam se misturar.
De volta à Folha, o Reinaldo conseguiu costurar as duas coisas numa só, na forma do atual Darwin e Deus. Continuo achando inadequado. Seria como se eu decidisse fazer deste blog um espaço sobre astronomia e futebol. Nada contra futebol. Adoro futebol. Mas não faria jamais. Porque não me parece adequado misturar dois temas completamente diferentes. Para isso, criaria dois blogs, permitindo que quem goste de futebol leia sobre futebol, e quem goste de astronomia leia sobre astronomia. Faz sentido para mim.
Resumo da ópera: não tenho nada contra religião. Tenho restrições ao fundamentalismo religioso, que julgo socialmente nocivo. Mas a religiões? De jeito nenhum. Cada um no seu quadrado, com toda liberdade.
Mas, não, não vou misturar ciência com religião como uma “isca” para atrair mais leitores para o lado da ciência. Acho, na melhor das hipóteses, inefetivo, e na pior, desonesto. O desafio que me imponho é justamente mostrar que o mundo natural — e nossa compreensão dele — já é razão suficiente para nos animarmos e acharmos que nossa vida tem sentido, um belo propósito auto-imposto, sem precisar recorrer a noções sobrenaturais. A julgar pelo fato de que este blog tem uma boa audiência regular, acho que a coisa está caminhando bem. 😉