Saiu o meu paper com meus alunos
“Invasion percolation solves Fermi Paradox but challenges SETI projects”
no International Journal of Astrobiology, ver aqui:
Ele ainda não tem a referencia bibliográfica completa.
SemciênciaBlog sobre a (minha) vida científica – "E toda banda larga será inútil se a mente for estreita" |
“Invasion percolation solves Fermi Paradox but challenges SETI projects”
no International Journal of Astrobiology, ver aqui:
Ele ainda não tem a referencia bibliográfica completa.
O paper Invasion Percolation solves Fermi Paradox but challenges SETI projects foi aceito para publicação no International Journal of Astrobiology e estou esperando as provas. Colocarei uma cópia no ArXiv.org.
Enquanto isso, a ideia pode ser vista aqui numa entrevista que foi ao ar na rádio UFRGS neste início de ano, no Programa Fronteiras da Ciência coordenados por Marco Idiart, Jefferson Arenzon e Jorge Quinfield.
Ver aqui.
Mas tive uma razão para isso. Você fala de uma biografia humana sobre o Universo. Você fala de uma responsabilidade que temos para escrevê-la. Entendo perfeitamente: somos inteligentes, somos tecnológicos, e conseguimos fazer o universo caber em nossa mente. E ainda: não conhecemos ninguém mais (que não o Homo sapiens) capaz de tomar essa tarefa para si.
Proponho uma hipótese, que está longe de ser impossível: um dia, a vida na Terra se extingue, por acidente natural ou não. Associo a essa hipótese, outra, mais improvável na minha (humilde, mas sem modéstia alguma) opinião: não existe outra inteligência tecnológica no Universo. Repito: improvável, não acredito nisso. Por uma mera questão estatística: o Universo é grande demais e tem tempo demais para ter gerado vida inteligente apenas aqui.
Mas prosseguindo com a soma das duas hipóteses: vida (um dia) extinta na Terra, e nenhuma outra inteligência no Universo. Então tudo perde o sentido.
Antes: e a incerteza da mecânica quântica, como ficaria sem um Observador? Indefinida e sem relação causa-efeito para todo o sempre? E mais arrasador ainda: para que um Universo sem um Observador? Que diferença faria existir ou não o Universo sem um Observador?
Você gosta do termo “questão metafísica”, e podemos usá-la aqui. Mas também é uma questão existencial, “sartreana” ou “pós-sartreana”. E foi por isso que me lembrei do livro do Michael Tournier.
Na primeira parte do livro ele está só, em uma ilha, que poderíamos chamar de Terra. Ele entra numa caverna, onde fica provido de som e luz. E se pergunta: será que o que torna o mundo possível, o que faz o mundo existir, é a minha percepção dele? Será que ele deixa de existir quando não posso testemunhá-lo e não tenho um outro testemunho de sua existência?
Estou sendo grosseiro, e apelando em excesso para minha memória. Li o livro pela última vez há bem mais de uma década. Mas me recordo que essa era a essência da primeira parte do livro, antes que um “outro” chegasse à ilha.
Enfim, foi o que me levou à audácia de te recomendar a leitura do livro. Porque mais que pertinente, é assustadoramente atual, embora escrito em 1967. E repito: podemos chamar de questão metafísica, mais a seu gosto, ou questão existencial…não importa. Importa é que uma biografia humana do Universo terá que contemplar essa questão, concorda?
De longe, será, se “nenhuma bola de efeito” te desviar desse projeto, seu livro mais completo e desafiador. E querendo ou não, você estará criando uma “Escola”. Merecerá meu mais profundo respeito, sem demagogia.
Mais um abraço, desta sua testemunha desde os tempos das “Pensatas”
* Policial à brasileira – contos policiais.
Organização Tito Prates / Rô Mierling
Participação especial
Victor Bonini – escritor e repórter da Rede Globo.
* Galáxias Ocultas – contos de ficção científica
Organização Rô Mierling
Participação Marcelo Milici – criador do site Boca do Inferno e autor do livro Medo de Palhaço.
* 7 Pecados Capitais – Vol. II – Contos Secretos
Organização Rô Mierling
Participação Especial
Mônica Raouf El Bayeh – psicóloga e cronista do jornal Extra
Paul Richard Ugo – escritor e assessor editorial.
Apresentação dos últimos lançamentos da Illuminare.
Bate-papo com os autores da Illuminare.
Distribuição de brindes literários.
Autógrafos e vendas de exemplares.
Recebi do físico e divulgador científico Osame Kinouchi Filho, professor da USP de Ribeirão Preto, um texto muito interessante, meio sério, meio jocoso, abordando o debate em torno da ideia de DI (Design Inteligente (criacionismo repaginado antievolução, como sabemos) e a criação de um centro sobre o tema na Universidade Presbiteriana Mackenzie. O prisma adotado por Kinouchi é inusitado: o da ficção científica. Confiram o que ele diz abaixo e divirtam-se!
————–
Quero propor quatro idéias que podem tornar o debate bem mais divertido:
1)O DI é uma ideia de Ficção Científica (FC);
2)A clivagem que o DI promove não é entre teístas e ateus, pois podemos ter ateus que acreditam em DI e teístas que não acreditam em DI;
3)O DI é compartilhado por espíritas, ufólogos místicos e crentes da New Age, não é exclusividade de cristão e muito menos de protestantes;
4)O DI é apenas uma variante de um conjunto enorme de outras teorias de evolução, e não há indicação de que seja melhor do que o Teísmo Evolucionário do evangélico Francis Collins, pelo contrário.
Vejamos ponto por ponto:
O DI é uma ideia de Ficção Científica (FC): O DI é agnóstico sobre a natureza da inteligência que fez intervenções ao longo da evolução. Ora, quem não se lembra da evolução acelerada (DI) produzida pelo monólito negro em “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, de Arthur C. Clarke? Ou aquele que é tido como o conto mais conhecido de Isaac Asimov, “A Última Questão”, no qual uma mente surgida pela fusão de computadores com os humanos (a Singularidade?) encontra uma solução para reverter a segunda lei da Termodinâmica e cria um novo universo dizendo “Fiat Lux”?
Ou o Desígnio Inteligente de Golfinhos, Chimpanzés, Gorilas e Cachorros que atingem o nível humano feito por criadores humanos na série “Elevação”, de David Brin? Lembro também a obra-prima de Stanislaw Lem, “A Voz do Mestre” (bom título!), na qual o autor brinca com a possibilidade de que uma inteligência tecnológica preexistente ao nosso universo o tenha criado permeando-o com um feixe de neutrinos que facilita a emergência da vida. Ou seja, vamos dar o crédito a quem merece: o DI não é ideia de Behe e outros, mas originalmente de Asimov, Clark, Lem, Brin e inúmero escritores FC.
Lem chama esse tipo de ideia de Teologia dos Deuses falíveis (ou finitos). Que a inteligência do DI poderia ser um ET físico, falível e finito e não um ser sobrenatural como Deus é um fato reconhecido pelos proponentes do DI. A clivagem que o DI promove não é entre teístas e ateus, pois podemos ter ateus que acreditam em DI e teístas que não acreditam em DI: Como dito antes, a Inteligência do DI poderia ser um ET. Mais que isso, é mais provável que seja, pois isso a colocaria dentro de um um universo natural, não sobrenatural.
Ou seja, Marcos Eberlin [químico da Unicamp e defensor do DI] errou ao afirmar que “o problema é que a academia fechou a questão e não abre brecha para nenhum debate: só existe matéria, energia e espaço no Universo e acabou”. Primeiro, porque esse tipo de raciocínio paranoico e conspiratório sobre a academia é próprio de defensores dos Alienígenas do Passado (que também é DI) mas não de cientístas.
Segundo, porque poderíamos ter apenas matéria, energia e espaço (eu não esqueceria Informação, que é o conceito físico mais próximo de Espírito, e não energia como gosta o pessoal da New Age), e mesmo assim ter DI feito pela Inteligência de 2001 ou pelo Multivac de Asimov. Curiosamente, Clark, Asimov, Brin e Lem são todos ateus ou agnósticos, logo o DI não favorece uma visão de fé sobre a realidade mas sim uma visão cética e especulativa da realidade (é mais provável que Deus seja um ET!), não compatível com o Cristianismo.
O DI é compartilhado por espíritas, ufólogos místicos e crentes da New Age, não é exclusividade de cristão e muito menos de protestantes: o DI é vendido à comunidade protestante e evangélica como um conjunto de ideias vinculadas à ideias cristãs, ou que poderiam ser adotadas com proveito pelos cristãos (e judeus, e islâmicos?). Ao mesmo tempo, tais comunidades não se identificam com espíritas, ufólogos místicos, New Age e outras crenças.
Ora, ao tentar transpor uma visão religiosa e filosófica para o campo da ciência, o protestantismo do DI se identifica com o Espiritismo: quer ser não apenas uma religião, mas também uma ciência. Pois uma coisa é “acreditar que Deus fez o mundo”, de forma genérica e não especificada, dizendo que é um sentimento ou uma intuição (uma forma não cognitiva de fé), crença sem bases racionais, como faz por exemplo Marina Silva ou John Wesley, fundador do Metodismo, em seu memorável sermão “O Caso da Razão Imparcialmente Considerada“. Outra coisa é ser criacionista científico (de Terra jovem ou velha, de DI etc.), ou seja, afirmar que é capaz de fazer hipóteses capazes de passar por testes rigorosos, a ponto de que tais hipóteses um dia sejam aceites acima de qualquer dúvida razoável.
É o pecado de querer provar que Deus existe usando apenas a Razão. Tentar transformar religião, teologia e filosofia (que são campos válidos da academia, financiados pelo CNPq inclusive) em ciência, que se distingue dessas áreas assim como a Arte e a Política se distingue das mesmas e da Ciência, é confusão de domínios: é a definição de Pseudociência, cujo principal sintoma são as teorias conspiratórias que citei (os cientistas não concordam comigo porque ou estão me perseguindo ou não querem ver a verdade – que apenas eu fui capaz de ver com minha brilhante e superior mente intuitiva).
O DI é apenas uma variante de um conjunto enorme de outras teorias de evolução, e não há indicação de que seja melhor do que o Teísmo Evolucionário do evangélico Francis Collins, pelo contrário: quando se discute DI usualmente cai-se na falácia dualista: ou isso, ou aquilo. Mas na verdade existem inúmeras outras teorias possíveis de evolução com ou sem DI.
A mais importante é o Teísmo Evolucionário (TE) elaborado por cristãos dos mais diversos matizes, onde podemos citar o evangélico Francis Collins diretor do NHI americano. Uma versão um pouco mais suave pode ser encontrada nos escritos do físico cristão Freeman Dyson. A ideia é que os mecanismos de evolução puramente naturais, aceitos pelos biólogos agnósticos, devem ser vistos como os meios de Deus para criar (elaborar) o mundo ao longo de bilhões de anos.
Essa crença em um Deus criador e intencional, porém, não é tida como científica, mas filosófica. Ninguém da TE vai querer provar que Deus existe usando a Mecânica Quântica, por exemplo, como quer a New Age. O TE é um competidor formidável ao DI, pois não requer nenhuma intervenção inteligente (natural ou sobrenatural) durante a evolução: é totalmente compatível com o conhecimento biológico aceito pela comunidade científica.
É também a visão oficial da Igreja Católica e é ensinado na maioria dos seminários teológicos protestantes do Primeiro Mundo. Então o debate se torna: por que o DI é melhor que o TE? Se não é, por que o Mackenzie criou um núcleo de DI em vez de um núcleo de TE? Por que uma colaboração com o Discovery Institute em vez da Fundação Bio-Logos de Francis Collins? O Mackenzie deveria responder…
Assim, Marcos Eberlin erra também ao falar em apenas duas possibilidades. Usando a Ficção Científica, eu posso elaborar inúmeras possibilidades, por exemplo: uma inteligência vinda do futuro (uma Singularidade Humana) volta no tempo e cria por engenharia genética as primeiras bactérias, bem como todos os exemplos (flagelos, etc.) de complexidade irredutível pelo DI. O interessante desta ideia é que o elo causal se fecha em um bonito loop [laço] temporal como o Ourobouros [figura da serpente que morde o próprio rabo].
Sem contar os deuses astronautas que criaram os sumérios…
Etc., etc., etc. OK, mas… como testar ou distinguir entre essas várias ideias?
A ufologia mística não é mais plausível e tem mais evidências, atuais inclusive, do que o DI? Deveria o Mackenzie criar um núcleo sobre Alienígenas do Passado e Deuses Astronautas? Afinal, “todo mundo sabe” que YHWH, os anjos e Jesus eram ETs, certo? As própria Bíblia “prova” isso…
ontem
Roldan, vou ler Sam Harris para dar uma opiniao depois, OK?
ontem
Bom, eu ainda nao acredito que a ciencia pode atravessar o gap entre o que é e o que deveria ser. Vamos supor que cheguemos a conclusao cientificamente que existe uma raça superior ou uma raça inferior. Os nazistas acreditavam nisso cientificamente a partir do Darwinismo (tanto biologico como social). Eles estavam usando o conhecimento cientifico da época. Os racistas americanos também. Mas religiosos do seculo XIX defendiam que os todos os homens eram iguais por serem filhos de Deus e criados a partir de Adao. Usavam esse criacionismo e anti-Darwinismo para lutar contra a escravatura e defender a liberdade dos negros. Estavam errados em sua ciencia, mas certos, pelos padroes de hoje, na defesa de seus valores de defesa dos direitos humanos (inspirados na mitologia do Eden!). Ou seja, mesmo que a ciencia dizia O QUE É (diferença entre raças com a ciencia da época) nao determinava O QUE DEVIA SER (direitos humanos iguais) do ponto de vista ético.
ontem
Sim, tem razão! Interessante esse ponto de vista. De todo modo, estamos falando de coisas muito novas: a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada só em 1948 e a neurociência ainda começa a investigar questões de bem estar e felicidade.
3 dias atrás
Gengis e Roldan, notem como os tais princípios 1) amor e 2) honestidade não podem ser baseados na ciência. A ciência estuda meios para se atingir um fim, mas não determina os fins. Se o meu fim for enriquecer, uma analise de custo-beneficio cientifica pode concluir que devo ser corrupto. Se o meu fim for dominar o mundo, uma analise cientifica indicara que devo violar o principio 1). Lembremos que havia inúmeros cientistas nazistas e que existem inúmeros cientistas desonestos — a ciência não determina valores morais. Mesmo a moral cientifica (citar os predecessores, não plagiar ideias, não fraudar os dados) não se baseia na ciência, mas sim nos padrões morais da comunidade científica. Se uma analise cientifica de custo beneficio me indicar que é melhor fraudar para subir na carreira, o cientista deveria fazer isso. Se não o faz, é por razoes extra-cientificas, de valores morais de seu caráter, que pode inclusive se basear em religiões ou não.
2 dias atrás
Sim. Por isso me choco quando vejo – como vi esses dias – gente usando estatísticas de QI, criminalidade e outros trecos científicos para estufar seu racismo e pregar a supremacia branca. Por outro lado, note como as religiões não passam de fontes primitivas de moral, muito arcaicas em vários pontos. Quando constatamos que somos seres gregários e que é melhor estruturar nossas vidas e nossa sociedade em verdades, não em mentiras ou desonestidade, acabamos optando por isso mesmo em detrimento de ganhos individuais apoiados no que seria danoso. Não há um valor de crença, mas uma lógica e até influência genética sustentando essa gregariedade. Isso para não falarmos em estudos como se pode ver no Moral Landscape do Sam Harris, indicando a possibilidade de uma ciência da moral.
3 dias atrás
Oi Roldan, acho que eu quis usar valor no sentido moral sim. Ex: imagine uma religião cuja única proposta seja 1) Amar o proximo como a si mesmo; 2) Ser honesto, evitar a corrupção por dinheiro. Bom, o 2) talvez decorra do 1) na medida em que ao ser corrupto eu posso estar prejudicando alguém, mas vá lá. E que para ilustrar tais princípios a religião use uma serie de historinhas, tipo uma literatura similar às fabulas de Esopo ou o Senhor dos Aneis (Star Wars também serve como fonte de valores). O que eu afirmei é que tal religião está no campo das filosofias de vida, não da ciência. O cientista que tentar dizer que esta religião está errada porque raposas (da fábula das raposa e as uvas) ou cobras (da fábula do Eden) não falam é apenas tolo. Não entendeu que tais historias são literatura. E os crentes fundamentalistas que acharem que tais fábulas são historia real também são tolos (lembremos que a maior parte dos crentes não é fundamentalista).
2 dias atrás
Valeu pelo esclarecimento, Dr. Osame! Eu fiquei realmente um pouco na dúvida sobre o uso do termo valor. Sim, concordo! Tanto o cientificismo quanto o fundamentalismo religioso são tolos. O problema é que, enquanto o primeiro, se não moderado, não passa de um discurso cego e raivoso, o segundo pode acabar interferindo em políticas públicas de maneira danosa. Como bem nos lembra o Sam Harris, é justamente a ala moderada das religiões que acaba dando sustentáculo ao setor radical. Olhando mais de perto, a maior parte dos crentes não é fundamentalista por falta de coragem. Porque, vamos e venhamos, quando interessa, todos eles tomam certas passagens de seus livros sagrados como sendo literais. Qual critério usado? Apenas interesse. Diante da proposta de uma ciência da moral como faz o Sam Harris, não existe mais desculpa para depender da religião nos assuntos de moral. Aliás, por Saramago, como tantos religiosos podem ser cruéis mesmo com deus?
1 semanas atrás
não sei quantos ramos são derivados do criacionismo (e sinceramente, pouco me interessa) mas sim, esses debates em torno destas derivações ficarão exclusivas no campo de conversa de botecos (alias, esse auditório não passa disso, de um grande boteco pra falar de suco de groselha). Não irá produzir um paper na área de ciências naturais, não estimulará filósofos em ciência em perderem o tempo deles no questionar de algo que é fruto de achismos e a unica fonte de fomento será desvios do bruto adquirido das mensalidades em todos os gastos da infra-estrutura. Resumidamente. um tiro no pé dado pelo chanceler que ricocheteará no departamento de biologia desta universidade.
2 semanas atrás
Invariavelmente, Eberlin e outros não entenderam ainda que sua argumentação, independente dos erros em Filosofia e Lógica, de pontos especialmente em Filosofia da Ciência simplesmente infelizes, é em resumo uma pregação desastrada, nas palavras de Collins, aproximadamente, a redução de Deus a um “artesão atrapalhado”, que tem de, incapaz que se torna como criador, intervir em sua obra. Os erros e ignorância manifesta em Biologia, Química, Física, Astrofísica e Cosmologia do grupo que forma, vem até de brinde. Em tempo, ótimo texto sobre o tema.
ontem
Gengis, sinto muito, mas você está sendo cientificista, cara! Filosofia da ciência não é uma piada. Tenho que convir que alguns caras como o Feyerabend forçaram um pouco a barra. Mas isso faz parte. Mesmo cientistas cometem diversos erros de pensamento e inclusive de abordagens matemáticas. Basta ver o lance das supercordas. Aquilo não tem como realizar experimentos, mas é parte da física teórica. Portanto, você está um pouco tomado por emoção. Filosofia da ciência é apenas o uso da razão para entender o que é e como é feita a ciência. Nem sempre os cientistas têm tempo, inclinação ou isenção suficiente para esse exercício. Do jeito que você fala, só se conseguiria testar o fio de uma espada sobre um corpo humano. Felizmente, sabemos que há meios de testar uma espada sem esse expediente (muito embora espadas testadas em cadáveres fossem mais valiosas no Japão Feudal).
2 semanas atrás
Aliás, Filosofia da Ciência é uma piada. Só realmente vale alguma coisa quando faz… ciência.
2 semanas atrás
Gorok, nao sei se essa posição pessimista e até niilista seria compartilhada pela maioria dos físicos (leia por exemplo Freeman Dyson). Em um universo infinito, não tem sentido os adjetivos pequeno ou grande. A diferença de tamanho (escala logarítmica) entre o corpo humano e uma supercordas é 10 mil vezes maior do que a diferença entre o Universo visível e o corpo humano. Do mesmo modo, a duração da vida humana é enorme comparada com a unidade básica de tempo na física (tempo de Plank). Proporcionalmente, é milhões de vezes maior do que a idade do Universo frente à vida humana. Finalmente, não conhecemos nenhum sistema físico mais complexo do que o cérebro humano (deve ter por ai, mas ainda não achamos). Ou seja, cérebros pensam, sentem, e percebem o universo à sua volta. Uma Galaxia, por mais enorme que seja, não pensa. O cérebro tem mais neuronios do que as galáxias tem estrelas, formando redes complexas. Estrelas não formam redes nem pensam.
2 semanas atrás
Osame, estrelas não formam “redes” gravitacionais chamadas galáxias e clusters? A Hipótese de Gaia não poderia ser extrapolada para uma escala galáctica ou intergaláctica? Claro, por enquanto, isso não passa de hipótese, se tanto. Aliás, existe alguma forma de testar a “teoria” de Gaia?
2 semanas atrás
Desculpem, por algum motivo meus comentários aparecem em caixa alta, se o Reinaldo puder consertar isso, agradeço. Gift, acho que voce quis dizer Segundo Principio (ou Lei) da Termodinamica: que em todo sistema fechado a Entropia ou fica igual ou cresce (note que ela pode diminuir em sistemas abertos).
2 semanas atrás
Visitante, nao entendi sua colocacao. Voce afirma que o Espiritismo proclama que é apenas uma religião e uma filosofia mas não uma ciência? Que ele não faz afirmativas cientificas que podem ser estudadas pelo metido cientifico? Bom, isso não me parece a posição usual do Espiritismo (e da Nova Era) pois uma afirmativa usual é que eles são superiores às outras filosofias religiosas justamente por este lado cientifico… Mas se eu afirmo que minhas crenças são cientificas, entao eu tenho que entrar dentro do debate cientifico, com hipóteses testáveis, experimentos replicáveis, analise teórica aprofundada, verificar se minhas afirmativas batem com os dados (por exemplo, voce sabia que o sistema estelar de Capella, importante para o famoso livro Exilados de Capella, na verdade não possui planetas?
6 dias atrás
Gengis, embora eu concorde com o que você diz, tenho a impressão que o Osame não usou a palavra valor no sentindo moral, mas no sentindo de informação, dado (ainda que completamente irreal, uma afirmação contém um valor, assim como quase qualquer coisa pode ser traduzida em valores binários, O ou 1).
2 semanas atrás
Crer em deuses, serpente falante, pecado, salvadores, na ressurreição de filhos de deuses, em deuses amorosos mas vingativos, ignorantes, escravistas, infanticidas, crer nos milhares de mitos da Criação que tribais inventaram, isso não tem nada a ver com valores. Aliás, os valores são muito questionáveis. Tem um livro sagrado aí que diz que um deus mandou apedrejar crianças desobedientes. Que uma mulher atacada sexualmente tinha de casar com o meliante caso alguém visse o ato. Que valores são esses? Toda crença religiosa é um mundo super ignorante da realidade. Fazer ciência é gerar hipóteses que estão muito perto de serem reais, pelo uso na formação delas de um absurdo conhecimento já sabido de muitas áreas. Não se chuta. Quando se gera uma hipótese para algo novo, obviamente não fica por aí, não vira uma crença que morre como crença, ela é colocada à prova, e se não for comprovada, desaparece, vira pó. Ao contrário das crenças religiosas.
2 semanas atrás
Gengis, nao é necessario comprovar cientificamente crenças filosóficas (religiosas, políticas etc.), pois elas se referem a valores, não a fatos. Exemplo: “Acredito em liberdade, igualdade e fraternidade”, “acredito que é melhor ser honesto do que corrupto” (mesmo se cientificamente eu calcular que terei mais ganho sendo corrupto). “Creio que se deve respeitar e mesmo amar os inimigos”. Essas crenças não são cognitivas, não é necessário querer comprova-las cientificamente. Religioes (enquanto filosofias de vida) não entram no campo cientifico. Apenas religiões que dizem que possuem evidencias cientificas entram em conflito com a ciência. Por outro lado, usando o termo “crença” no sentido cognitivo (fatos), a moderna teoria de inferência Bayesiana diz que as afirmativas cientificas são em geral crenças (pois tem probabilidade menor que 1). Apenas afirmativas com 100% de certeza (um caso raro) não são crenças no sentido Bayesiano.
Sábado | 03 | dezembro Tarde de autógrafos- Projeto mulah de TróiaTítulo: PROJETO MULAH DE TROIA Autores: Osame Kinouchi / B. B. Jenitez Editora: DRAGO EDITORIAL Jenitez nos brinda com uma pérola da Ficção Científica de humor, uma bem dosada mistura de Umberto Eco e Planeta Diário: uma estória recheada de referências internas, coerentes do início ao fim e com um estilo impecável. Com descrições claras e pouca adjetivação, além de uma ironia finíssima, o autor brinca com a física, a cultura pop e a literatura, com um texto de uma clareza e um bom gosto tão grandes que mesmo um leigo em FC pode entender e gostar. Um trabalho bem escrito não pode ser analisado a fundo, basta que apenas seja lido. E esta estória precisa ser lida. Fábio Fernandes & José S. Fernandes. Local: Ribeirão Preto |
They may have been disproved by science or dismissed as ridiculous, but some foolish beliefs endure. In theory they should wither away – but it’s not that simple
by Steven Poole
In January 2016, the rapper BoB took to Twitter to tell his fans that theEarth is really flat. “A lot of people are turned off by the phrase ‘flat earth’,” he acknowledged, “but there’s no way u can see all the evidence and not know … grow up.” At length the astrophysicist Neil deGrasse Tyson joined in the conversation, offering friendly corrections to BoB’s zany proofs of non-globism, and finishing with a sarcastic compliment: “Being five centuries regressed in your reasoning doesn’t mean we all can’t still like your music.”
Actually, it’s a lot more than five centuries regressed. Contrary to what we often hear, people didn’t think the Earth was flat right up until Columbus sailed to the Americas. In ancient Greece, the philosophers Pythagoras and Parmenides had already recognised that the Earth was spherical. Aristotle pointed out that you could see some stars in Egypt and Cyprus that were not visible at more northerly latitudes, and also that the Earth casts a curved shadow on the moon during a lunar eclipse. The Earth, he concluded with impeccable logic, must be round.
The flat-Earth view was dismissed as simply ridiculous – until very recently, with the resurgence of apparently serious flat-Earthism on the internet. An American named Mark Sargent, formerly a professional videogamer and software consultant, has had millions of views on YouTube for his Flat Earth Clues video series. (“You are living inside a giant enclosed system,” his website warns.) The Flat Earth Society is alive and well, with a thriving website. What is going on?
By Clay Farris Naff | November 18, 2011 | 21
“Does aught befall you? It is good. It is part of the destiny of the Universe ordained for you from the beginning.”
– Marcus Aurelius, Stoic Philosopher and Emperor of Rome, in Meditations, circa 170 CE
“’He said that, did he? … Well, you can tell him from me, he’s an ass!”
– Bertie Wooster, fictional P.G. Wodehouse character, in The Mating Season, 1949
People have been arguing about the fundamental nature of existence since, well, since people existed. Having lost exclusive claim to tools, culture, and self, one of the few remaining distinctions of our species is that we can argue about the fundamental nature of existence.
There are, however, two sets of people who want to shut the argument down. One is the drearily familiar set of religious fundamentalists. The other is the shiny new set of atheists who claim that science demonstrates beyond reasonable doubt that our existence is accidental, purposeless, and doomed. My intent is to show that both are wrong.
Persistence phenomena in colonization processes could explain the negative results of SETI search preserving the possibility of a galactic civilization. However, persistence phenomena also indicates that search of technological civilizations in stars in the neighbourhood of Sun is a misdirected SETI strategy. This last conclusion is also suggested by a weaker form of the Fermi paradox. A simple model of a branching colonization which includes emergence, decay and branching of civilizations is proposed. The model could also be used in the context of ant nests diffusion.
From: Osame Kinouchi [view email]
Sim, se a qualidade literária se mede pelos anos que o autor levou para burilar o texto, então este é um candidato ao Prêmio Argos… Para comprar, clique aqui.
The idea of a Mutiverse is controversial, although it is a natural possible solution to particle physics and cosmological fine-tuning problems (FTPs). Here I explore the analogy between the Multiverse proposal and the proposal that there exist an infinite number of stellar systems with planets in a flat Universe, the Multiplanetverse. Although the measure problem is present in this scenario, the idea of a Multiplanetverse has predictive power, even in the absence of direct evidence for exoplanets that appeared since the 90s. We argue that the fine-tuning of Earth to life (and not only the fine-tuning of life to Earth) could predict with certainty the existence of exoplanets decades or even centuries before that direct evidence. Several other predictions can be made by studying only the Earth and the Sun, without any information about stars. The analogy also shows that theories that defend that the Earth is the unique existing planet and that, at the same time, is fine-tuned to life by pure chance (or pure physical necessity from a parameter free Theory of Everything) are misguided, and alike opinions about our Universe are similarly delusional.
From: Osame Kinouchi [view email]
[v1] Tue, 16 Jun 2015 22:42:12 GMT (566kb)
Cinco anos atrás, quando estava dando uma palestra sobre física a estudantes do Ensino Médio no Massachusetts Institute of Technology, Randall Munroe percebeu que a plateia não estava muito interessada.
Ele estava tentando explicar o que são energia potencial e potência -conceitos que não são complexos, mas difíceis de entender.
Assim, no meio da palestra de três horas, Munroe, mais conhecido por ser o criador da HQ on-line xkcd, resolveu apelar para “Star Wars”.
“Pensei na cena de ‘O Império Contra-ataca’ em que Yoda tira a asa-X do pântano”, comentou.
“A ideia me ocorreu quando eu estava dando a aula.”
No lugar de definições abstratas (um objeto erguido ganha energia potencial porque vai se acelerar quando cair; a potência é o índice de mudança na energia), Munroe fez uma pergunta: quanta energia da Força seria Yoda capaz de produzir?
“Fiz uma versão aproximada do cálculo ali mesmo, na sala de aula, procurando as dimensões da nave na internet e medindo as coisas na cena no projetor, diante dos alunos”, contou. “Todos começaram a prestar atenção.”
Para a maioria das pessoas, a física não é interessante por si só. “As ferramentas só são divertidas quando a coisa com a qual você as utiliza é interessante.”
Os alunos começaram a fazer outras perguntas. “E o final de ‘O Senhor dos Anéis’, quando o olho de Sauron explode, quanta energia há nisso?”
A experiência inspirou Munroe a começar a pedir perguntas semelhantes dos leitores do xkcd.
Ele reuniu esse trabalho, incluindo uma versão dos cálculos que fez sobre Yoda e outros materiais novos, no livro “E se?”, lançado em setembro e que desde então está na lista dos livros de não ficção mais vendidos.
Como afirma sua capa, “E se?” é repleto de “respostas científicas sérias a perguntas hipotéticas absurdas”.
“O livro exercita a imaginação do leitor, e o humor espirituoso de Munroe é encantador”, comentou William Sanford Nye, mais conhecido como “Billy Nye, the Science Guy”. “Ele cria cenários que, por falta de um termo melhor, precisamos descrever como absurdos, mas que são muito instrutivos.”
O que aconteceria se você tentasse rebater uma bola de beisebol lançada a 90% da velocidade da luz? “A resposta é ‘muitas coisas’, e todas acontecem muito rapidamente. Não termina bem para o batedor (nem para o lançador).”
Se todo o mundo mirasse a Lua ao mesmo tempo com um ponteiro de laser, a Lua mudaria de cor? “Não se usássemos ponteiros de laser normais.”
Por quanto tempo um submarino nuclear poderia permanecer em órbita? “O submarino ficaria ótimo, mas seus tripulantes teriam problemas.”
As explicações são acompanhadas pelos mesmos desenhos e o mesmo humor nerd que garantiram a popularidade do xkcd. (O que significa xkcd? “É simplesmente uma palavra para a qual não existe pronúncia fonética”, explica o site do seriado on-line.)
Na época em que era estudante de física na Universidade Christopher Newport, na Virginia, Munroe começou a trabalhar como técnico independente em um projeto de robótica no Centro Langley de Pesquisas, da Nasa, e continuou depois de se formar.
Foi nessa época que ele começou a scanear seus desenhos rabiscados e colocá-los na web.
O contrato com a Nasa terminou em 2006, por decisão mútua das duas partes.
Munroe tornou-se cartunista em tempo integral e se mudou para a região de Boston porque, explicou, queria viver numa cidade maior, com mais coisas de geek para fazer. Em 2012 ele incluiu a parte de “E se?” no site.
Hoje ele recebe milhares de perguntas por semana. Muitas são evidentemente de estudantes à procura de ajuda com sua lição de casa. Outras podem ser respondidas com uma só palavra: “Não”.
“Uma das perguntas que recebi foi: ‘Existe algum equipamento comercial de mergulho que permita a sobrevivência debaixo de lava incandescente?'”, Munroe contou. “Não. Não existe.”
Munroe também gostava de fazer perguntas quando era criança. Na introdução do livro, ele conta que se perguntava se havia mais coisas duras ou moles no mundo. Essa conversa causou impressão tão forte à sua mãe que ela a anotou e guardou.
“Dizem que não existem perguntas estúpidas”, escreve Munroe, 30. “Isso não é verdade, obviamente. Acho que minha pergunta sobre as coisas duras e moles foi bastante estúpida. Mas tentar responder uma pergunta estúpida de modo completo pode levar você a alguns lugares muito interessantes.”
Osame, eu não disse jamais que somos infinitamente pequenos e desprezíveis, com uma curta vida sem sentido. Jamais. Nem acho que esta seja a mensagem da ciência. Pelo contrário. No “Conversa com Bial” de que participei, foi evocada essa noção do “pequenos e desprezíveis”, e eu rebati veementemente. Disse que, ao mesmo tempo em que somos pequenos comparados ao Universo, somos grandes porque podemos compreender o Universo. O Universo é muito maior que o ser humano, mas, ao mesmo tempo, cabe no interior de nossa mente, o que é notável e nos impõe uma sublime responsabilidade: sermos os biógrafos do Universo, ou pelo menos os biógrafos do Universo, segundo nosso ponto de vista particular. Esta é uma ideia que já planejo desenvolver com mais vagar há alguns anos e, salvo alguma bola de efeito na minha direção, deve ser tema do meu próximo livro.
Quem cria a falsa dicotomia entre “ser religioso” ou “ser desprezível segundo a visão fria da ciência” é você. Ela não existe.
No mais, sempre defendi aqui não o ateísmo, mas a separação rigorosa entre a religião e a ciência. A religião fala de verdades subjetivas, a ciência fala de verdades objetivas. O tema do blog é ciência, e não acho salutar misturar com religião. Sigo a linha dos “magistérios não interferentes” de Stephen J. Gould. Acho o jeito certo de fazer divulgação científica. Não é pregação; é ciência.
Aliás, interessante você mencionar o Reinaldo José Lopes. É meu amigão de longa data, e admiro de fato como ele é capaz de separar uma coisa da outra na cabeça dele, mas acho temerário — e não é segredo para ninguém, inclusive ele — misturar ciência e religião no mesmo balaio, no mesmo espaço de comunicação. Quando eu fui editor de Ciência e Saúde do G1, o Reinaldo tinha dois espaços separados: o Visões da Vida, sobre biologia evolutiva, e o Ciência da Fé, para falar de temas religiosos. Eu fiz questão que assim o fosse porque é minha convicção que os temas são como água e óleo, não se misturam. Não deveriam se misturar.
De volta à Folha, o Reinaldo conseguiu costurar as duas coisas numa só, na forma do atual Darwin e Deus. Continuo achando inadequado. Seria como se eu decidisse fazer deste blog um espaço sobre astronomia e futebol. Nada contra futebol. Adoro futebol. Mas não faria jamais. Porque não me parece adequado misturar dois temas completamente diferentes. Para isso, criaria dois blogs, permitindo que quem goste de futebol leia sobre futebol, e quem goste de astronomia leia sobre astronomia. Faz sentido para mim.
Resumo da ópera: não tenho nada contra religião. Tenho restrições ao fundamentalismo religioso, que julgo socialmente nocivo. Mas a religiões? De jeito nenhum. Cada um no seu quadrado, com toda liberdade.
Mas, não, não vou misturar ciência com religião como uma “isca” para atrair mais leitores para o lado da ciência. Acho, na melhor das hipóteses, inefetivo, e na pior, desonesto. O desafio que me imponho é justamente mostrar que o mundo natural — e nossa compreensão dele — já é razão suficiente para nos animarmos e acharmos que nossa vida tem sentido, um belo propósito auto-imposto, sem precisar recorrer a noções sobrenaturais. A julgar pelo fato de que este blog tem uma boa audiência regular, acho que a coisa está caminhando bem. 😉